07 December 2012

Vai e vem


Sentei-me. E respirei fundo.

Lá fora chove, venta e o frio húmido tenta entrar pelas pequenas frestas de cada janela. Hoje queria consultar as fadas da floresta. As minhas idas anteriores ao centro da ilha foram infrutíferas, não as encontrei. Sei que elas lá estão, às vezes sinto que elas me vêm visitar aqui à beira mar, mas ainda não foi o momento de se mostrarem. Ainda não tive esse privilégio.

Agora que penso nisso, não sei bem o que lhes perguntava, tanta coisa para saber. Sobre a Natureza, as plantas que crescem e que alimentam e as que curam e todas. E sobre os animais, também. Mas também sobre a Vida e sobre o Amor. Qual é o caminho para a Felicidade? Se o Amor está em tudo à nossa volta, porque é que os Homens têm tanta dificuldade em encontrá-lo e continuam sempre à procura, precisamente onde ele não está: nas coisas que se compram e as que se gastam e nos corpos uns dos outros?

Oh, mas eu não sou puro para receber esse conhecimento. Também eu procuro o Amor onde ele não está. Sei onde procurar, mas não o vendo, ingiro um cálice de sangue que me deixa esquecido do que me faz falta. O seu efeito dura apenas uns dias, às vezes nem tanto e lá estou eu de volta à procura. Se me esqueço do que procuro, agarro-me à carne e aos seus vícios e a tudo o que é matéria. Mas eu já sei o que procuro. E quero mais do que uns cobres. Quero uma riqueza inatingível nesta realidade. Quero a plenitude do ser. Nirvana.

Ainda chove lá fora.

Respiro.

Procuro o silêncio agora, quero viajar.

Entro em mim. Já não vejo as cores do mundo externo. Solta-se vermelho do meu coração. Aquece-me. Procuro o verde de um prado que eu não conheço, vejo-o agora. Há árvores mais ao fundo. O céu está azul, com algumas nuvens altas. Aqui não chove. Começo a caminhar em frente. Olho, de relance, para trás e vejo uma floresta negra. Continuo para diante. A erva está alta e cobre-me os joelhos. Ainda me sinto pesado e cansado, como me sentia no mundo terreno, mas sei que o que está em mim pesado já ficou para trás. Continuo e não sinto os passos. Vejo um pouco de medo no meu coração. Medo do que não conheço e do que enfrentarei. Aqueço o meu coração com palavras de conforto e presença. Para entrar neste mundo novo, é preciso ser cheio de Amor e Alegria. Não ter dúvidas nem medos a prender ao mundo antigo.

Racionalizei. Voltei à casa antiga com chuva lá fora. Hoje não fui longe. Pode ser que amanhã a minha mente me deixe ir um pouco mais longe. Ela tem de se calar para poder escutar a voz do meu coração, ele é o timoneiro nesta viagem. Sinto o frio e procuro um casaco. Aqueço-me com uma manta que tenho a meu lado e com um chá e com uma memória de quantas pessoas não estão agora presentes a meu lado. Não neste mundo material. Tento recordar tudo o que vivi nesta viagem. Mas hoje não fui longe, não há muito para esquecer. Tento recordar que quero encontrar as fadas que vivem nessa floresta mais ao longe. Quando lá chegar elas falarão comigo. Mas tenho que caminhar antes.

21 August 2012

Aniversário



Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais       copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


15 August 2012

insight

Tive um "insight"! (Seja lá isso o que for...)
 
Desta vez, não foi durante o sono, ou a meditação, nem sequer naquele crepúsculo fantástico entre o sono e o despertar em que a Magia acontece. Desta vez, foi num momento banal repetido a qualquer dia.
 
...
 
chego a casa.
estás à minha espera.
abraço-te.
olho para a mesa.
um resto de pão, o feijão que sobrou do almoço, um copo com água da fonte.
é a nossa riqueza.
tenho fome de outras coisas.
tu tens uma lágrima no olho.
tu também tens fome.
não é avidez, é sonho.
mesmo sem querer, pensamos naqueles que tanto têm. E invejamos.
é o nosso pecado.
mas temos amor.
é a nossa salvação.
 
abraço-te com mais força.
beijo-te.
não como.
a minha fome é outra.
e durmo contigo.
partilhamos o amor.
e sonhamos.
 
...
 
Sim, eras tu no meu sonho.

27 July 2012

Fase um...

A primeira fase dos trabalhos na Quinta está realizada! A limpeza do que não era interessante, útil ou cativante demorou três semanas. Isso e uns telefonemas para a Câmara Municipal que não se decidia a retirar o lixo que tínhamos à porta há já semana e meia. E muito carregámos nós às costas. (Isto de ter uma casa resguardada tem as suas particularidades.)

Agora, o trabalho é outro. Podemos dizer que a fase dois é criar condições para que a criação aconteça: agora é por canalização, esgoto e electricidade. A seguir um reboco e temos espaço para criar um espaço nosso.
Está quase... daqui a dias podem visitar-nos na nossa Quinta.


(P.S. - Quem quiser fotos tem de as pedir com jeitinho, que isto é um blog de letras!...)

23 July 2012

A Quinta


Não demorei muito tempo a encontrar o meu espaço.
Meditei nele. O que senti foi confuso. Nem tudo foi bom. Senti alguma dor, também. Mas era o meu espaço, sem dúvida. Perguntei se ia ter ajuda, ou companhia. Não a encontrei. Assumo que tive medo. Mas era o meu espaço, sem dúvida.

Então, aceitei o desafio.
A Quinta.
O Caminho.

Novas Viagens, Novos Desafios, Novos Mundos

Caros leitores, estou em dívida para convosco.
Tenho um texto escrito num papel há já umas semanas e ainda não o tinha passado para o computador. Entretanto, perguntei-me por que motivo não voltara a escrever e lembrei-me que estava em atraso na divulgação dos meus escritos. Por esse facto, peço a vossa condescendência.




Novas Viagens, Novos Desafios, Novos Mundos

 Há uns dias recebi um telefonema com um desafio novo: encetar numa viagem, mudar de vida e aceitar o desconhecido. Tremi. Nunca tinha dito a ninguém até hoje, mas tremi. Tive medo nesse instante. Passara os últimos anos a criar uma estabilidade confortável e, ao mesmo tempo, a desejar a mudança. E nesse telefonema surgiu a opoortunidade.
Podia aqui usar linhas e linhas para contar os motivos para temer o desconhecido. Não o faço.
O facto é que nesse dia ponderei.
Tudo aquilo que é possível ponderar em alguns minutos.
E segui o instinto.
A decisão não é o mais importante na história de hoje. O facto, já conhecido, é que aceitei tudo o que o Universo me reservava.
E tremi, enquanto caminhava em direcção ao novo objectivo. Ou será que corria? Por vezes, sentia que voava...
...
Então, abri o baú dos sonhos guardados. Aquele baú onde vou guardando todos os sonhos de criança, da minha criança interior. Imagino o meu baú em madeira escura, com aspecto já velho. Não tem fundo e cabem lá todos os sonhos que tiver. Também não tem fechadura. Acredito que todas as pessoas têm o seu baú, mas algumas já se esqueceram.
Não me lembro onde tinha guardado o meu baú. Assim que precisei dele, ali estava, carregadinho de sonhos à espera de serem realizados. Foi só escolher.
Comecei por procurar os sonhos que se encaixavam neste novo mundo.
Ao abrir o baú, encontrei no topo uma folha com todo o tipo de advertências escritas. Li-as atentamente e procurei decorá-las. é que os sonhos são coisas preciosas e frágeis.
Fui mesmo eu que lá coloquei a folha. São lições aprendidas, não ensinadas.
Aos poucos e poucos, um a um, recordava sonhos ainda não vividos. Sorri ao perceber que já tinha concretizado alguns deles. Outros já estavam em marcha. Formidável!

14 May 2012

Contos do insólito ou Histórias de uma terra simples

Espero pelo carteiro. Ele traz notícias da terra foi deixada para trás.

Hoje repito o gesto de abrir a caixa do correio apenas para a encontrar vazia.

E hoje é outro dia, já é fim de semana. E devo esperar pela próxima
vinda do carteiro. Será que ele me baterá à porta?

"É o sr.João? É a sra.Susana? Andava à vossa procura pela Presa acima.
Trago novas para vós. Vem do continente." - E imagino que é no dia
seguinte que ele aparece...

Eu procuro pela rua acima por um número de porta. Nenhuma está
identificada. Bem, se somos os moradores mais recentes da Presa,
presumo que o carteiro saberá nos encontrar.
E espero.
E espero.

Hoje fui ao posto. Perguntei pela carta que não vinha, perguntei pelos
números de porta inexistentes, identifiquei-me e apresentei-me. Fui
dar-me a conhecer. Podia ter levado um naco de pão e conduto, mas
esqueci-me por momentos que estava numa terra simples.
Não, o sr. carteiro ainda não nos conhecia. A missiva perdera-se e
 fora devolvida. Entristeço. Se ao menos me tivesse lembrado do vinho para
compartilhar...

26 April 2012

Viagem a mim

Janto à luz da vela. Ela queima a cera e o pavio e deixa no ar uma pureza particular. Aquela luz traz um calor próprio e liberta como que uma energia positiva, uma vibração relaxante e calma.
Acabo a refeição e oiço a conversa ao meu redor, como se não fizesse parte dela. E a conversa assim segue, alheia a mim, e os meus pensamentos longe dela. Os meus dedos roçam a toalha e já apenas escuto o seu barulho contínuo. Dão voltas num oito interminável, num infinito simbólico.

E, aos poucos, afasto-me desta realidade.
 Vou e venho com o ar que me entra pelas narinas. Sinto a pele que respira também e se expande e contrai à medida que respira, à medida que troca energia com a substância que a rodeia. Não há mais estado físico ou sólido ou líquido. Tudo é como uma gelatina maleável, permeável, sem fronteiras definidas. Olho para mim como se não fosse eu. Mas ainda me sinto.

Começo então à procura de mim dentro de mim próprio. Algo que seja realmente eu. A minha essência. Identifico-me com uma forma dentro do meu peito. Sou azul. Penso que é isso: azul, mas não tenho a certeza. Porque sou branco também. E tenho em mim todas as cores. Não tenho forma definida mas pareço redondo. Uma esfera disforme, que se contrai e expande, reagindo a emoções, sentimentos e outras formas de energia. E é esta esfera que traz a mim energia e movimento, alegria e força. Ela inunda o meu corpo, que deixa de ser apenas uma massa e passa a ter vida.

31 March 2012

Sonhos

Estou no mar. Sei-o pela ondulação que sinto no corpo. É como se, de repente, tivesse saltado para fora do meu corpo, em terra firme, e voado numa direcção desconhecida. Já não sinto o meu corpo. Ele está em terra. Mas sinto essa ondulação que identifico com o mar.

Mergulho. O som transforma-se em silêncio. As cores são diferentes. Tudo mais azul. Filtrado por essa barreira lá mais acima. Mas eu vou para baixo. Mais escuro. Peixes nadam ao meu redor. Para eles é fácil. Eu não respiro. Não posso respirar. Mas também não preciso. Continuo a nadar. Não me interessam os peixes. Procuro outra coisa. Algo mais precioso. Algo que necessito. Quero respirar. Subo. Não encontrei nada. Subo mais. O ar está mais acima. Acima dessa barreira que filtra luz e cor.

Respiro. Inspiro o ar com força como se fosse a primeira vez. Se calhar é a primeira vez desta vida... Mais luz. Muita luz. Procuro algo. Não sei o quê. Ainda não sei. Mas procuro. Sei que tenho algo a procurar, algo a encontrar. É esse o objectivo. O caminho? A própria vida, talvez.

Sonhos

Sonhei... aliás, sonho muitas vezes. Mas desta vez foi com uma caixa. Mais parecia um baú. Sim, isso. Um baú. Ou talvez uma arca. Como é que se podem dar tantos nomes diferentes a coisas em madeira, de lados rectangulares, perpendiculares entre si, e que servem essencialmente para guardar coisas. Muitas coisas.
(Mas já me estou a desviar do sonho.)

Sonhei com uma caixa em madeira que... A madeira dessa caixa estava trabalhada com gravuras que não me recordo. Penso que não seria o mais importante. Vejo alguém, não sou eu, mas não sei também quem seja, se calhar era eu. Abro a caixa, apenas um pouquinho, apenas para espreitar lá para dentro. Curiosidade. Procura. Investigação. A tampa abre-se lentamente. O interior é mais luminoso que cá fora. Sai luz da caixa. É possível, é um sonho. E lentamente abro um pouco mais. Os olhos habituam-se à luz e já nem noto a diferença. Quando a tampa está um pouco mais aberta, começam a voar pássaros para fora. E borboletas.

... e acordo.

14 March 2012

Envelhecimento activo (nas palavras de Maria Brito de Azevedo)

Maria Brito de Azevedo
A noção de envelhecimento ativo remete-nos, comumente, para uma aceção mais direcionada para os desafios demográficos e suas implicações sociais e económicas e, embora reconheça a pertinência dessas questões, bem como, a sua complexidade, trespasso esse papel a quem o devir.
Como enfermeira cuido na simplicidade. Cuido de pessoas. Não cuido de números.
Perdoem-me, mas a mim não me interessam estatísticas. Não me interessam normas. Não me interessam regulamentos. Não me interessam números.
Almejo a autossuficiência da Pessoa. Almejo que as Pessoas se conheçam. Verdadeiramente. Que compreendam os meandros da mente sobre o corpo. E que resgatem o seu poder. Almejo consciencializar as Pessoas que há qualidade de vida para além do espetáculo de marionetas da nossa mente. Que entendam que a melhor prescrição, que a melhor regulamentação, que as melhores diretrizes são aquelas criadas dentro de mim. E que a melhor farmácia e o melhor consultório habita em mim.
Como cuidadora quero saber quem são as Pessoas na sua essência e, acima de tudo, que elas saibam quem são. Que se questionem porque recorrem a bengalas prejudiciais à sua saúde, ao seu próprio ser, ao que de mais precioso têm…o seu Eu. Porque fogem do Amor-próprio.
Culturalmente, temos um longo caminho a percorrer, pois construímos demasiados estereótipos sobre a noção de envelhecimento. Construímos atores externos e delegámos-lhes funções que deveriam ser nossas. Fantasiámos sobre os seus poderes, construímos personagens sábias e eruditas mas, acima de udo, externas. E minimizámos o Actor principal. O Eu que em mim habita.
Mudemos o discurso, redirecionemos o nosso olhar. Pensemos em saúde, pensemos nas “pessoas enquanto pessoas” (Comissão Independente População e Qualidade de Vida, 1998). O envelhecimento ativo não pode ser “bem-sucedido” repetindo e generalizando padrões, como se de números se tratasse.
Que espécie de mundo teríamos se a padronização da noção de envelhecimento ativo fosse sinónimo de saúde? Certamente, teríamos um mundo uniforme que numa primeira análise traria benefícios pois deixaria de ter um carácter subjetivo. Para além disso, a padronização ilibar-nos-ia do sentimento de culpa relativamente às nossas ações, ilibar-nos-ia da responsabilidade, pois estaríamos simplesmente a replicar o que está padronizado e, em última instância, aceite.
Compreender que o mundo e que o papel mais ou menos ativo do envelhecimento é fruto de nós mesmos, dos nossos constructos é o primeiro passo. Tarefa difícil, é certo. Contudo, é o seu carácter desafiador que o torna aliciante.
Questionar sobre qual o papel do enfermeiro no envelhecimento ativo é questioná-los sobre quem são e sobre quem querem ser. Qual a nossa perceção de envelhecimento ativo? É de Amor ou de Medo? A resposta deliberará o futuro. O nosso futuro enquanto cuidadores e inevitavelmente o futuro de quem cuidamos.
Subscrevendo António Fonseca (2006), a forma como concebemos o envelhecimento afeta a forma como o envelhecimento é aceite pelos demais o que por sua vez tem repercussões ao nível dos comportamentos adotados. Então, como desejamos ou, melhor, como idealizamos um envelhecimento ativo?
Poderão ser criadas todas as políticas, todos os programas mas estes nunca resultarão se a dúvida e os estereótipos persistirem.
Tudo está. Tudo é. Tudo começa. Tudo termina na mente.
Já que é para fantasiar que fantasiemos sobre um novo e intransmissível conceito de envelhecimento ativo. E não nos deixemos contagiar por conceções culturais, económicas, políticas e tudo o que nos seja exterior. Fantasiemos sobre o nosso próprio envelhecimento. Criemos a nossa própria realidade.

06 March 2012

Parabéns

... a ti, nesta data querida.

O meu caminho separou-se fisicamente do teu, mas desejo criar e manter uma ligação, uma ponte de comunicação contigo. Muita sorte para o teu futuro, muita força para conseguires mudar o mundo e transformá-lo num local melhor.

Como prenda? Envio-te Amor!...

04 March 2012

Escutar

Hoje é outro dia. Diferente de ontem; certamente diferente de amanhã.



É possível que ande atrás de um sonho... Corrijo. Estou de facto atrás de um sonho. Um sonho que quero que seja real. E sei que o Universo está comigo a ajudar-me. Coloca as situações certas no local certo e ajuda-me a tomar decisões. O que apenas devo dar em troca é reconhecimento, energia, Amor e escuta. Escutar parece ser o mais difícil. Penso que seja o mais primordial no ser humano - a capacidade de escuta do Universo - pois só assim se explica o desenvolvimento que este ser apresentou nos últimos milénios. Mas penso também que é o sentido que menos é utilizado. Sei que para mim é difícil escutar o Universo. Dou por mim a ser tão ruidoso que só me ouço a mim mesmo. E é preciso estar muito, muito, muito em silêncio para ouvir o Universo. Silêncio por dentro. E depois de o ouvirmos, é só prestar atenção, procurar o sentido das palavras e sentimentos e sons que nos invadem para escutar o Universo. E se é "só" necessário isso, porque é que não o fazemos constantemente? Eu sei hoje que uma voz dentro de mim, a mesma voz que me oferece a individualidade, fala mais alto que o resto do Universo.

Eu grito enquanto o Universo murmura.

E só preciso calar-me para escutar o Universo.

29 February 2012

Mudança

Viajei. Mudei de vida.

Tenho de admitir que gosto particularmente daquela música do António Variações em que canta: Muda de vida, se não estás satisfeito...

E sentia que tinha "algo em mim a latejar", e quis mudar de vida. Apesar de ser feliz onde e com quem estava.

Agora, estou perante a mudança e tenho medo. Medo por estar perante um desconhecido, perante muitas incertezas. Mas sei que tenho de seguir em frente, lutar pelo sonho e viver a vida. Trago comigo muitas aprendizagens e estou preparado para as usar nesta nova vida.

Um dos medos que trago comigo é o de perder a individualidade que criei e construí (com a ajuda de muitas pessoas), de perder o meu sistema de crenças por um outro que é  dominante nas pessoas que agora me rodeiam. Medo porque desenvolvi um estilo de vida que quero manter.
Agradeço de certa forma a este medo presente em mim, pois é ele que me lembra que (apesar de querer partilhar o espírito com outros) de facto quero manter a minha personalidade e individualidade e estilo de vida.
Ao escrever, perco o medo e acredito mais em mim.

Vou mudar, mantendo quem sou!

Caminhos

Há já uns dias que intento escrever algo sob este tema. Para mim, os caminhos fazem parte da vida tão intrinsecamente que se confundem com a própria vida.


Sim, a vida pode mesmo ser chamada de "caminho".

20 February 2012

A praia das primeiras viagens

À entrada, um deve apresentar-se, dar-se a conhecer e afirmar ao que veio. Hoje, deixo isso para mais tarde.

Estou pensando em sonhos que posso partilhar, questões para as quais ainda não tenho resposta e intimidades que quero que continuem secretas... mas as palavras falham aos pensamentos e sentimentos que revolvem e reviram procurando o seu lugar.

Vejo uma praia pequena, um ou dois pescadores passando o tempo assim, o mar intenso com ondas igualmente fortes e carinhosas. O cheiro da maresia relaxa-me e deixa-me com uma energia que eu não conheço: talvez não conheça ainda tudo em mim. Procuro-me dentro de mim e encontro uma paz que me satisfaz completamente. Será excelente recordar este sentimento nos dias e horas mais cinzentos. O sol está tímido e não aquece o bastante para largar a camisola de lã quente. Caminho junto ao mar. Recordo-me que ainda há dias, não obstante o frio do Inverno, trouxe os calções de banho e entrei no mar para um mergulho arriscado; as ondas batiam e a corrente fazia-se sentir. Em troca da minha bravura, o mar deu-me o sentimento de pertencer ao mundo inteiro e de partilhar com ele toda a sua energia. Hoje recordo também esse sentimento. Esta praia faz agora parte de mim. Se não fosse esta, seria qualquer outra, mas é esta a praia das minhas viagens.